segunda-feira, 23 de abril de 2012

Escalada no Rio Grande do Sul

Hoje andei pensando: "já escrevi posts sobre escaladas em outros estados do Brasil e principalmente sobre escaladas fora do Brasil, mas poucas vezes menciono as escaladas aqui no RS, meu próprio estado, onde escalo a maior parte do tempo". É comum não valorizarmos a "casa da gente" e ficarmos idealizando as escaladas gringas. Parece que quanto mais longe de casa, melhor. Mas aqui, 400, 200, 100, 30 km e até atrás da minha casa tem escalada de alta qualidade.
Neste post resolvi falar um pouco sobre cada lugar que escalei e que frequentemente estou escalado aqui nas terras gaúchas. Selecionei uma foto de cada lugar e, para isso, precisei vasculhar pastas antigas de fotos e até dar uma fuçada nos álbuns de facebook e orkut de meus amigos.

Foto: Orlei Jr.
Campo Escola Behne - Ivoti: foi o primeiro lugar onde eu escalei e onde eu descobri que queria escalar para sempre. Apesar de não ter boa fama entre os escaladores mais tradicionais, eu gosto porque é perto da minha casa e trabalho e, por isso, muito prático. O Behne é aquele lugar onde tu pode ir de havaianas e levar uma roupa maneira na mochila para depois ir trabalhar. Tive um grande aprendizado nas inúmeras possibilidades de vias esportivas em arenito. Sempre bom para dar uma treinada na folga do meio da semana e nos finais de semana quando quero fazer número de vias.

Foto: Henrique Oliveira.
Morro do Itacolomi - Gravatai: ah, o Itacolomi...Eu sou suspeita em falar. Adoro esse lugar. Posso estar na Patagônia, escalando fendas perfeitas e sempre penso: "que saudade de escalar no Itacolomi", hehe! Esse foi o lugar onde eu descobri o quanto é belo escalar, o quanto é importante preservar o delicado ecossistema das montanhas e também aprendi a ter equilíbrio e escalar com mais leveza nos delicados e minúsculos regletes de arenito. Sem dúvida é o lugar que eu mais frequento, seja pela qualidade das vias, pelo visual, pelo pôr-do-sol e pelos bons e velhos amigos.

Foto: Rafael Seco.
Pico da Canastra - Canela: a Canastra é um lugar muito importante pra mim. Foi o primeiro lugar onde eu vi pessoas escalando, o que me despertou a vontade de escalar. Também foi o lugar onde eu passei o primeiro "perrengue" não conseguindo subir de jeito nenhum uma via, o que me despertou uma motivação até então nunca sentida de querer voltar e conseguir vencer esse obstáculo. Foi também o lugar onde guiei pela primeira vez e onde aprendi a ter gosto pela escalada tradicional: vias longas, altura, vista espetacular, cume, essas coisas que nos deixam viciados no esporte.

Foto: Alessandra Arriada.
Salto Ventoso - Farroupilha: se tem um lugar que eu sempre indico para escaladores que vem conhecer as vias do sul é o Salto. Vias de qualidade, bem protegidas, basalto sólido e, de quebra, o lindo visual da cachoeira. O Salto é o lugar que eu vou quando estou me sentindo bem treinada, ou pelo menos não tô há muito tempo parada, porque os antebraços sempre incham e sempre dá aquela dorzinha no abdômen no dia seguinte por causa da negatividade das vias. Eu sonho com um dia ainda poder escalar as vias do setor da cachoeira. Enquanto isso vou malhando o que está ao meu alcance.
Quero ver me encontrar! Foto: Luísa Diederichs.
Torres - Torres: escalar no verão, na sombra com a brisa do mar. Não, isso não é o Rio de Janeiro, é o Rio Grande do Sul, tche! Isso mesmo aqui no RS também temos escalada na beira da praia. Apesar de Torres ter sido o local onde lesionei feio o meu joelho, não tenho guardo mágoas do lugar, bem pelo contrário. Adoro escalar aqueles morros de basalto, apesar de alguns blocos soltos e proteções duvidosas, mas até isso faz parte do encanto de Torres. E para quem gosta de platéia, vai adorar os flashs, palmas e gritos de incentivo da turistada.

Foto: Rafael Seco.
Morro da Palha - Gravatai: é um lugar lindo e pouco frequentado, talvez pelo acesso e pelos habitantes locais (marimbondos) não muito receptivos. Em dia seco e frio é perfeito para curtir as belas escaladas em arenito, longe do crowd.
Boulder noturno em Minas do Camaquã. Foto: Floriane Labedie.
Minas do Camaquã - Caçapava do Sul: Minas é outro dos lugares especiais por vários motivos. Foi o meu primeiro contato com os malucos conglomerados da serra do sudeste rio grandense e foi o lugar onde conheci pessoas especias como meus amigos Iuberê Dutra Machado, Alessandra Arriada e o ilustre seu Álvaro. Quando penso em Minas já me vem a cabeça reencontrar essas pessoas especiais, os banhos de rio e o psicológico afiado para escalar as vias expostas. Sempre "flutuando" para não ser surpreendida por um seixo solto bem no meio de um esticão.

Foto: Elson Tieppo.
Cascata dos Marins - Cotiporã: sabe aqueles lugares que tu não cansa de admirar de tão bonito? Assim é Cotiporã. Verdadeiramente belo! O vale, a cachoeira, o rio, o basalto clareado pelos líquens. Fico feliz em ver como a escalada meu proporcionou conhecer tantos lugares lindos que, se eu não escalasse, com certeza não conheceria. A escalada em Cotiporã não é gradual. Ou tu vai de sangue doce para escalar três 5º bem facinhos ou já vai com sangue nos olhos para entrar nos 7a pra cima. Só tem um sexto que é um 6sup/7a, então dá pra entender que não é moleza. E se chover, não tem problema nenhum. Tem um tremendo teto protegendo as vias. A diversão é garantida!

Foto: Henrique Oliveira.
Complexo da Pedra do Segredo - Caçapava do Sul: sabe aqueles lugares onde tu sente uma energia muito forte? Caçapava é assim. Talvez essa energia venha das tribos indígenas que habitavam o local misturadas a muitas lendas e histórias que circundam o lugar, principalmente a Pedra do Segredo. Em relação às escaladas, lindas vias que parecem ter sido esculpidas especialmente para montanhistas. A via "Sem medo de ser feliz", na Pedra do Segredo, é uma das linhas mais bonitas que eu já escalei. Mesma coisa posso falar da via"Obrigado pela vida", na Pedra da Abelha. Aprendi nesse lugar a nunca menosprezar as vias por terem baixa graduação. Fortes emoções podem te esperar se uma agarra quebrar bem no meio de um esticão.
Foto: Eliane Mello.
Morro Gaúcho - Arroio do Meio: visitei o Morro Gaúcho apenas uma vez e já faz uns dois anos. Na época eu escalava bem menos do que agora e nunca tinha escalado em móvel. Como as vias do morro são bem fortes e todas em móvel ou mistas, me restou apenas o top hope. E mesmo usando essa técnica lembro que ainda passei trabalho para escalar as vias. Gostaria de voltar ao Morro Gaúcho. Talvez agora eu consiga aproveitá-lo um pouco melhor.

Foto: arquivo de Eliane Mello.
Morro do Chapéu - Sapucaia do Sul: esse lugar fica atrás da minha casa, bairro ao lado. Caminhando aqui pela minha cidade eu sempre admiro a beleza desse morro. Existem muitas vias de escalada por lá. Entretanto, por problemas de segurança, eu nunca consegui parceiria para visitar o morro, quem dirá para escalar. Há dois anos, a Eliane Mello e eu conseguimos reunir uma galera de escaladores e simpatizantes para fazermos uma visita ao morro do Chapéu e aproveitarmos para escalar suas vias, que foi onde começou a escala esportiva no estado. Lindíssimas vias, pena que a maioria delas precise de regrampeação. Depois desse dia nunca mais voltei, mas tenho vontade de dar uma revitalizada nesse point.

Foto: Henrique Oliveira.
Mallakoff - Nova Petropólis: o Mallakoff é outro lugar incrível onde escalei poucas vezes, apenas duas, e faz tempo, no mínimo uns dois anos também. Mesma história do Morro Gaúcho, eu não tinha contato com os equipos móveis e as vias de lá são bem duras. O que me restou foi o top hope, mas foi legal por ter sido o primeiro contato com a escalada móvel. Só de desentalar as peças já é uma aprendizagem. Conheci apenas as paredes pequenas. As paredes grandes têm vias de 200 metros no melhor estilo do perrengue: móvel e artificial. Pra quem curte tradicional, é um prato cheio.


Foto: Rafael Seco.
Caloni - Taquara: secret point em Taquara. Tem umas três ou quatro vias grampeadas todas de 7a pra cima, um artifical no teto da cachoeira e alguns probleminhas de psicobloc abertos pela Raquel Albernoz e eu. Esse foi o meu primeiro contato com a escalada artifical. O lugar é ideal no verão porque pega sombra nas vias e depois tem aquele banho de cachoeira revigorante.

Foto: Carina Korb.
Monte Belo - Monte Belo do Sul: um dos últimos locais que eu conheci. Gostei muito. Bastante vias novas pra entrar on sigth e testar a quantas anda a nossa graduação, sombra a tarde toda, tranquilidade e a recepção calorosa da dona Elizete. E os guris de Bento Gonçalves não param de abrir vias. Tem muita coisa (e pedra) ainda pra rolar em Monte Belo. Leve capacete!

Escalando a tromba do elefante. Foto: Iuberê Dutra Machado.
Casa de Pedra - Bagé: esse lugar parece não existir no nosso mundo materialista. Distante 60 km da cidade mais próxima, não tem energia elétrica, não tem sinal de celular, não tem cozinha, não tem banheiro, não tem chuveiro com água quente (muitas vezes não tem nem água), ou seja, se tu procura conforto, não vai pra lá! É um lugar onde tu esquece completamente os problemas da cidade, onde a única preocupação é: Que via eu vou escalar amanhã? Eu adoro Bagé! É o lugar onde tu respira escalada tradicional: acordar cedo, caminhar, escalar muito, esticões, esticões e voltar pro acampamento louco por uma janta, vinho e uma boa noite de sono, porque no outro dia tem mais escalada...

Foto: Alessandra Arriada.
Pedreira de Monte Bonito - Pelotas: fazia tempo que eu queria conhecer o único local de escalada em granito no RS. Finalmente no ano passado, em outubro, ganhei esse presente no dia das crianças. Posso dizer que foi bem válido. O granito proporciona um estilo completamente diferente dos arenitos que eu estou acostumada. Foi muito bom me ver quebrando cabeça em agarras e movimentações diferentes. Outro lugar que preciso voltar.
Foto: Paula Luza.
Morro do Urubu - Vila Maria: antes do encontro de escalada Escablues eu nem imaginava que existisse escalada perto de Passo Fundo. E escalada de qualidade: vias esportivas, tradicionais, com proteção fixa, proteção móvel, mista, artificial. E não são poucas vias! Vários setores com escalada para todos os gostos e níveis. Fabrício e Camila Abido, Filipe e Floriane Hartmann, Alexandre Altmann e cia estão se puxando nas conquistas. Parabéns, galera! E que venha o Escablues P3!

No último domingo eu conheci o famoso Morro do Pudim, que fica ao lado do Itacolomi. Eu sei que demorou, mas nunca é tarde, né? Não tenho fotos de lá mas o que posso dizer é que vai rolar muita malhação e cadenas, hehe!
No final do ano passado conheci o Paredão Deberovsky em Sapiranga onde Richard Panda, José Pedro Assis e cia estão iniciando as conquistas. Outro refúgio com cachoeira e sombra pro verão.
Outro lugar que não tenho fotos é da famosa Gruta da Terceira Légua em Caxias do Sul, que conheci esse ano. É realmente impressionante as vias e o nível que a galera de lá escala. Eu fiquei contente de ter conseguido escalar uma via de lá e pretendo voltar para experimentar as vias "possíveis para os mortais".
Ainda falta conhecer o Vale da Ferradura em Canela, Antônio Prado, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Flores da Cunha, Vila Cristina em Caxias do Sul, Forromeco em Carlos Barbosa e mais uma porção de lugares que eu devo ter esquecido.
Então, escalada aqui no sul é o que não falta. Kamon!!!!

7 comentários:

  1. Vanessa, que lindo apanhado de lugares e informações. Quem sabe marcamos uma semaninha de escalada intensa para me apresentares os lugares que faltam hein? Vais no encontro em Salto Ventoso? Queria conhecer Forromeco...Beijos!!Parabéns pelo blog!!

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  2. AI Vanessa,,ficou bacana o posto sobre os picos de escalada do Estado..meus parabens por manter a galera ligada nos setores...

    Boas escaladas..
    Memi.....

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  3. Hola Vanessa,mi nombre es Guillermo soy español y me encanta la escalada. Por motivos de trabajo estoy en Tramandai, llevo aquí apenas 2 meses, y tengo muchas ganas de conocer la roca de brasil. No he tenido oportunidad de investigar lugares ya que tan solo dispongo de un dia de descanso a la semana.
    Me gustaría encontrar un lugar para practicar escalada deportiva o boulder cerca de aquí, no se si me podrás ayudar.
    Las imagenes que muestras son espectaculares, y son el motivo por el que me he animado a escribirte.

    Saludos

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  4. Olá Vanessa, belo trabalho! Sou Maichel, gaúcho, agora moro no DF, onde a cerca de 1 ano comecei a praticar escalada. Estive no começo deste ano no RS e dei uma passada por Rivera. Me chamou a atenção este local: -30.825202,-55.3493579. Não sei qual o tipo de pedra, nem a altura das paredes, mas, tirando as antenas é um local muito bonito! Sucesso!

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  5. olá Boa noite !!! prazer Felipe trabalho como alpinista indústria mas nunca escalei uma parede acho lindo e tenho muita vontade de escalar sou de novo Hamburgo e trabalho em porto alegre , se vc puderes me dar algumas dicas e por onde posso comessar ficaria eternamente grato, e se tiver alguém afim de um parceiro pra escalar estou aí 82223475 obrigado desde já!

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  6. Oi, quero aprender a escalar e não sei onde nem como fazer isso, pode me indicar alguma escola onde se ensine isso?? Moro em santo Antônio da Patrulha RS...

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  7. Gostaria de maiores informações sobre o morro da palha, sobre localização acesso grato. lucastressoldi@hotmail.com

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