O ano, para mim, começou como todo o escalador gosta: na rocha! Dia 1º foi o dia da preguiça e comilança, mas dia 2 já teve escalada. Acordamos bem cedinho e, antes das 8h da manhã, Henrique, Eliane e eu já estávamos a caminho do Salto Ventoso, em Farroupilha na serra gaúcha.
O Salto, como é conhecido entre os escaladores gaúchos, é um dos melhores points de escalada esportiva do Rio Grande do Sul. As vias, que vão do 4º ao 9º grau, são muito bem equipadas, com paradas duplas e correntes. A rocha é o basalto. O lugar tem um visual especial porque é lá que fica a cachoeira do Salto Ventoso, que serviu de cenário para o filme "O Quatrilho" do diretor Fábio Barreto.
Chegamos na base das vias e não tinha ninguém, o que já era esperado. O Salto não é um bom lugar para se escalar no verão porque suas paredes ficam no sol. Mas como o tempo estava nublado e a temperatura agradável, não houve problemas. Começamos aquecendo na via Polenta (6b), um diedro super bonito, com lances de oposição. Depois fomos para a via Não Sei (6a), realmente não sei se é esse o nome da via, foi o nome que encontrei no site do escalador Naoki Arima. Não é uma via muito repetida porque não faz muito o estilo de vias do Salto. Ela começa numa chaminé, depois vai para uma rampa onde tem um pino P (geralmente se monta um top rope para os iniciantes até esse pino P). A rampa é bem chata e quase impossível de ser feita depois que chove porque é cheia de musgos. Depois da rampa é que o bicho pega. Atravesa-se um teto e chega-se num lance de aderência e equilíbrio antes da parada. Foi nesse lance que cai e tirei um bife da perna na minha última vez no Salto (o balsalto é uma rocha muito afiada, parece uma faca em certos ponto). Portanto, passar o lance era uma questão de honra. Com uma sapatilha melhor e um pouco mais treinada, passei um pouco no veneno, mas passei.
Depois do almoço e do descanso, o Henrique equipou a via Não Me Venha Com Guiguiguilis (7a), que nós ficamos malhando por um bom tempo. A partir das 15h o sol começou a pegar nas paredes e bateu aquele "ajorjo", hehehe. A única via que ainda se mantinha na sombra era a Valerioduto (6b), que nem eu e nem o Henrique conheciamos. Resolvi entrar on sight mas não consegui passar da primeira proteção. O Henrique também tentou mas não conseguiu evoluir mais do que isso também. Ficamos de cara, com certeza deve ser daquelas vias de jeitinho todo decorado.
Voltamos para casa cansados, mortos de fome e satisfeitos por mais um maravilhoso dia de escalada. Que venham muitos dias de escalada em 2011!
Para maiores informações sobre escalada no Salto Ventoso e fotos, acesse o site do escalador Naoki Arima:
http://www.naokiarima.com/croquis_i_rs_salto.html
