segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Roubo de Equipamentos de Escalada em Porto Alegre.

Criei este blog com o objetivo de relatar minhas viagens e coisas boas que sempre acontecem na vida de um montanhista. Entretanto, um episódio muito desagradável aconteceu no último sábado, que tinha tudo para ser mais um dia incrível de escalada entre amigos.
No dia 17/12/11 eu e dois amigos, Carolina Loureiro e Jonas Alves, estávamos voltando de uma escalada no Morro do Itacolomi, em Gravataí/RS e resolvemos parar no centro da capital, Porto Alegre, na rua Demétrio Ribeiro, para fazermos um lanche. A Carol estacionou seu carro a uns 50 metros da lancheria que queríamos ir, cada um de nós pegou sua carteira e celular e deixamos nossas mochilas com equipamentos dentro do porta-malas do carro, pois não tinha cabimento entrar numa lancheria minúscula com mochilas enormes. Isso eram 16h da tarde, fazia um sol de rachar e a rua estava movimentadíssima pois, além de ser centrão, era o último final de semana antes do Natal. Depois de muitas risadas, comemorações de cadena e barriga cheia, voltamos umas 18h para o carro, onde cada um pegaria sua mochila e tomaria seu rumo. Pra nossa surpresa o porta-malas estava vaziu. A primeira reação foi pensar: "ops, deixamos as mochilas no banco traseiro do carro". Olhamos os bancos e nada. A Carol e eu até pensamos, rapidamente, que fosse brincadeira de algum amigo mas, aos poucos foi caindo a ficha: sim, fomos assaltados. Agora, além do porta-malas, éramos nós que estávamos com uma sensação de vaziu, indignação, impotência. Cada objeto que lembrávamos que estava dentro das mochilas aumentava a raiva. E não eram objetos baratos, equipamento completo de escalada em rocha esportiva de três pessoas. Cadeirinhas, mosquetões, freios, capacetes, sapatilhas (inclusive uma gringa zero), corda (usada duas vezes), várias expressas, head lamps, anorak. E o pior é que o vagabundo só queria um simples step, que também foi roubado. Capacete, bonés e outros objetos pequenos que estavam soltos no carro não foram levados, pra você ver que os delinquentes nem tinham idéia do valor de um equipamento de escalada. Pegaram as mochilas porque acharam que tinha alguma coisa de valor para eles: roupas, dinheiro, equipamento eletrônico, sei lá. Deve ter sido uma decepção abrirem as mochilas e se depararem com cordas, fitas, objetos de alumínio, pó de magnésio, calçados apertados de borracha...objetos sem valor para eles (dificilmente trocariam algum desses objetos por uma pedra de crack) mas com um valor imenso para nós. Nenhum de nós três nasceu com o privilégio de dinheiro não ser um problema para se conseguir. Todo o equipamento que adquirimos e que estava dentro daquele carro foi comprado naquele velho esquema de choro por um desconto, barbada pesquisada na internet ou um conhecido de um amigo que viajou para o exterior e trouxe mais barato.
Demos queixa na polícia, estamos divulgando por diversos meios de comunicação, prometemos recompensa para quem encontrasse nossos pertences, mas acredito que dificilmente serão encontrados. A realidade é que a maioria dos nossos equipos devem ter ido pro lixo, a corda Beal até pode ter virado varal ou usada pra puxar cavalo, o canivete Vitorinox com certeza será usado em assaltos a mão armada e mosquetões e freios podem ser vendidos como alumínio a 4 reais o quilo. Se eles forem um pouquinho espertos, podem começar a fazer rapel, já que é um "esporte" que está na moda. Indignante, mas é a realidade.
Então segue a lista dos nossos equipamentos furtados. Sei que é difícil mas se alguém vir por aí algum desses equipos com um tipo estranho ou ver equipamentos muito baratos à venda na internet, favor entrar em contato conosco. Obrigada!

Jonas Alex Pedroso Alves

1 Mochila Trilhas e Rumos Crampon 44l
1 Cadeirinha Black Diamond Momentun
1 Freio reverso Petzl verde 1 Mosquetão Petzl Attache Azul
1 Fita tubular laranja 1m e 1/2
1 GriGri Azul
1 Anel de fita tubular azul 80cm
1 Par de sapatilhas Evolv Pontas, número 8,5 (EUA)
1 Par de sapatilhas Snake
1 Mosquetão HMS Black Diamond c/ trava automática
1 Óculos de sol speedo
1 Relógio Nike
2 Mosquetões Mammut com trava
6 Costuras Black Diamond
4 Costuras com fitas petzl de 25cm e mosquetões BD



Carolina Donadussi Loureiro

-1 mochila salomon Verde
-10 expressas
-3 mosquetões HMS
-2 auto seg rosa
-1 fita preta
-vários cordeletes
-2 ATC..um rosa e outro laranja
-1 freio Oito da Black Diamond
-dois mosquetões azuis oval..que não sei se tem outro nome hehe
-1 corda de 50 metros da beal..cinza com azul de 10mm
-1 sapatilha trinity da Snake numero 38
-1 saco de magnésio azul e branco
-1 cadeirinha Black Diamond preta com azul
Vanessa Staldoni de Oliveira
1 mochila azul e preta de 38 l da Montanha.
1 cadeirinha da Conquista, modelo Aerada.
1 daisy chain roxa da Metolius.
1 mosquetão D de rosca da Faders.
1 mosquetão D sem trava da Conquista.
1 mosquetão HMS da Luck.
1 par de sapatilhas Evolv, modelo Pontas, número 6,0 (EUA).
1 saco de magnésio verde da Montanha.
1 headlamp Tikka Plus da Petzl.
1 freio oito amarelo da Frendo.
1 corta vento verde da Trilhas e Rumos.
6 costuras montadas com fita vermelha e preta de 60cm e mosquetões ovais de marcas diversas.
1 canivete da Vitorinox, modelo waiter.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Monte Belo

Beta e Ale na chegada à Monte Belo.
Um novo lugar vem movimentando a gauchada da escalada esportiva. Todo final de semana existe alguém que quer conhecer, quer voltar ou ainda aqueles que procuram por dicas de como chegar. O lugar, apesar de novo, já foi até assunto de discussões acirradas em grupos de e-mail: "Usa ou não usa o capacete?" Protege ou estica tal via?" Discussões à parte, hoje vim apresentar as minhas impressões sobre Monte Belo.
A primeira vez que ouvi alguém comentar sobre Monte Belo foi através da minha amiga Vera de Carlos Barbosa. Verinha havia me dito que os meninos de Bento Gonçalves estavam trabalhando nas conquistas do lugar e que, até então, existiam mais de 20 vias abertas. O melhor de tudo foi que ela disse que o lugar era lindo e que pegava sombra a tarde toda. Beleza! Julho deste ano, dia de encontro no Salto Ventoso, vias congestionadas e aquela "crowd" nas bases. Qual foi a grande idéia? Bora conhecer esse pico novo. Pegamos alguns betas com o Tieppo e com o Camilo e fomos Seco, Ale Arriada, Beta e eu.
Na chegada tu já te impressiona com a extensão horizontal da parede de basalto, mostrando que existem inúmeras possibilidades de conquista. A recepção não poderia ser melhor. Dona Elizete, proprietária da área nos recebe muito simpática e sorridente e permite que desfrutemos do lugar.
Depois de uma trilha facílima, uns 5 minutos de caminhada, estamos na base das vias. Decidimos ir a um setor que fica à direita da trilha principal que, de acordo com Tieppo, tem as vias mais fáceis do lugar. Um setor com vias de 4º e 5º grau, positivo, mas com vias fortes também (8º) que continuam na parte negativa da parede. Ficamos um tempo aí escalando, nos divertindo, tirando fotos.

Trilha.
Eu no basalto com cara de arenito. Foto: Ricardo Reis.


Carina na pressão da costurada. Foto: Ricardo Reis.

Ale experimentando vias em Monte Belo. Foto: Vanessa Staldoni.

Eu chegando na parada. Foto: Ricardo Reis.
Depois partimos para o setor em frente à trilha principal, com vias um pouco mais longas e um pouco mais fortes também. Entramos em umas cinco vias aí, que variavam do 5º ao 7º, de acordo com nós mesmo, pois não tinhamos croqui e nenhuma informação sobre as vias. Olhávamos do chão decidíamos se era possível. No melhor estilo: on sigth. Adorei! Foi a primeira vez que eu escalei nesse estilo. É uma adrenalina bem diferente não saber o que vem pela frente, só a noção da tua leitura. Muito bom! Recomendo! Bom pra saber a quantas anda a nossa graduação.
Eu no crux de um dos sextos de Monte Belo. Foto: Carina Korb.
Ricardo escalando. Foto: Carina Korb.
Base das vias. Foto: Carina Korb.
Gostei das vias que entrei, bem protegidas, proteções e paradas bombas. Nas agarras predominam os regletes, mas às vezes aparecem surpresas como buracos (monodedos, bidedos), pinças e até fendas, que podem ser protegidas em móvel. Quanto ao uso do capacete: essencial, se você não quer se machucar ou arrumar problemas com os proprietários do local. E isso vale tanto pro escalador quanto pro segue. Voltei mais duas vezes a Monte Belo e já tenho até projetos! Acredito que o setor vai se tornar referência em escalada esportiva no estado quando a galera explorar mais o lado negativo da parede.
Então, aí vão os betas sobre o lugar...
Localização: município de Monte Belo do Sul, na serra do Rio Grande do Sul.
Rocha: basalto
Estilo: vias esportivas, de 4º ao 8º. Algumas vias em móvel. O local conta com, mais ou menos, 25 vias e muitas possibilidades pra conquista!
Equipo: corda, 10 costuras, repelente de insetos, capacete (não esquece!), água (tem no local mas não sei qual é a qualidade), algumas peças móveis (se quiser entrar na fenda).
Maiores informações sobre como chegar e croqui das vias tu encontra no blog do Leão Gropo: http://leao-gropo.blogspot.com/
Escaladora nativa. Foto: Ricardo Reis.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

O melhor escalador é aquele que mais se diverte.

"O melhor escalador é aquele que mais se diverte". Seguindo esse lema do escalador Alex Lowe posso dizer, sem dúvidas, que estou muito próxima dos lugares mais altos do ranking mundial, hehe!
É com muita satisfação que digo que, no momento que estou escrevendo esse post, ainda sinto uma dorzinha muscular nas costas e nas pernas, resultado de uma semana de quatro dias de escalada. Sim!!! Finalmente São Pedro está sendo generoso com os escaladores gaúchos. Dias secos, temperatura agradável e até algumas nuvenzinhas para tapar aquele sol que castiga nas paredes.
A semana foi curta para o trabalho, mas longa para a escalada. Fala sério, é tudo o que a gente quer, não é? Depois de labutar o dia inteiro de segunda, fui  para casa enfiar os equipos na mochila e correr para a rodoviária. Lá encontrei uma figura do cerrado: o escalador Gil de Brasília. Enfim, embarcamos no primeiro ônibus para Pelotas, que fica no sul do RS. Nas terra dos doces fomos recebidos pela minha amiga, que eu estava morrendo de saudades, Alessandra Arriada.
Na terça de manhã começou a maratona. Fomos os três escalar na Pedreira de Monte Bonito, que fica a uns 20 km do centro de Pelotas. Comecei os trabalhos do dia entrando na via Mutação (6sup). Achei estranha as agarras abauladas do granito, que é a rocha que menos tenho contato e me deparei com um crux manhoso, difícil de decifrar. Mas isso é o mais legal de tudo, ter contato com diferentes tipos de rocha, agarras, movimentos. É o que te dá cacife para escalar em qualquer lugar. Depois entramos numa via linda, Tec Five (5sup), longa com movimentos bonitos e um crux interessante de agarrinhas chatas e pés ruins. Muito bom o primeiro contato. Agora fiquei na obrigação de voltar à Pedreira e escalar as outras vias.


Ale, amigona.


Gil e Ale fazendo firula na base das vias.

E depois da escalada, a clássica comilança com cerveja para comemorar. Nem preciso dizer que caimos desmaiados na cama, digo só o Gil e eu. A Ale ainda teve energia para fazer noite e chegar às 4h da madrugada. Que guria forte!!!
Como bons montanhistas, às 6h de quarta já estávamos em pé (inclusive a Ale que dormiu só duas horas) rumo à Bagé, que, para mim, é o lugar mais astral e com maior potencial de escalada aqui do Rio Grande do Sul. Quando você chega à Bagé já fica impressionado com a quantidade de conglomerado aflorado e do isolamento do lugar, que está a uns 60 km da cidade mais próxima. Sem contar na quantidade de vias tradicionais, esportivas, boulders, artificiais e até móvel que existem lá, sendo que ainda tem muuuuita coisa a ser conquistada.
Essa chegada é de enlouquecer qualquer escalador!

Gil, Ale e eu na primeira parada da Entre o Sol ea Lua.
Como chegamos tarde, escolhemos uma via bem próxima do local do acampamento e mais curta: Entre o Sol e a Lua (5sup, duas enfiadas). A escolha foi estratégica pois, no momento que colocamos os pés no chão na descida, começou a chover. E choveu até quinta, dia de eu voltar para casa.
Na sexta tive que trabalhar um pouco (infelizmente não posso viver só de escalada), mas no sábado escalada denovo. Dessa vez fomos o Cristiano Godoy e eu para o Campo Escola Behne, em Ivoti, na serra gaúcha escalar nos nossos familiares arenitos. Aquecemos e eu resolvi entrar na Via do Hugo, um 6º mas com um crux bem chato de buracos  lisos e areientos, nunca tinha conseguido passar sem cair. Entrei sem pretenção nenhuma de mandar e não é que saiu! Como o Cris falou, passei "bailando" pelos buracos e mandei a via, mesmo com uma agarra de pé quebrando no final e um cipó me atacando e me deixando cheia de alergia no peito.
E na empolgação de viagens, cadenas e amigos, domingo acordei cedinho, 7h da matina, enfrentei metrô e mais de uma hora de busão com a Carol Donadussi para chegar no Itacolomi, o meu morro querido, a minha segunda casa e onde vou morar em breve! Nem preciso dizer que escalei até não aguentar mais, malhando projetos e escalando vias clássicas como o Artificial da Irene (A0/7a), uma via conquistada pela Dona Irene Fernandez, primeira montanhista gaúcha, nos primórdios das escaladas no morro, lá pelos anos 60, 70

A Dna. Irene conquistando sua via e eu escalando hoje.

Sem diversão, não tem sentido escalar. Por isso a Carol tá sempre sorrindo!!

Bah, tava precisando escrever sobre essa semana cheia de energias positivas. Parabéns para você que leu até aqui, hehe! E agora, cabeça focada na próxima viagem: Anhangava. E que os deuses do montanhismo sejam tão generosos quanto foram nessa última viagem!
Hasta la Vista!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mutirão de manutenção e limpeza de trilhas no Itacolomi.


 O último final de semana foi especial. Pela primeira vez eu me senti feliz por perder um lindo sábado de escalada. Com certeza o motivo foi nobre: um grupo de amigos, escaladores e frequentadores do Morro do Itacolomi (Gravataí, RS) se reuniu para realizar a manutenção e limpeza das trilhas e plantação de mudas de árvores nativas no morro. Com as torrenciais chuvas deste inverno e com o pisoteio da galera, a principal trilha de acesso ao Itacolomi estava ficando cheia de valetas e cada dia mais larga. Com a contenção feita por troncos de eucaliptos exóticos e o preenchimento das valetas por terra o resultado ficou ótimo!


Carlos Monkey colocando a mão na massa.
Os trabalhos começaram cedo. 9h da manhã já tinha gente cerrando os troncos de eucaliptos.

Com certeza o professor Moisés não faltaria em um evento desses!


      Força, Fred!


Carol, Eliane e a caneleira "bebê".

 Os guris do downhill também marcaram presença nos trabalhos.

    Henrique carregando as ferramentas do trabalho e a galera.

E não pensem que as gurias ficaram só olhando! Eliane, Carolina e eu colocamos a mão na massa e recolhemos 10 sacos de lixo de, na média, 60 litros cada, das trilhas. Foi bastante cansativo mas o resultado foi espetacular. A entrada da trilha principal era um ponto crítico de sujeira e ficou muito limpa. Entre materiais diversos, recolhemos muito plástico e até algumas lâmpadas fluorescentes, que são extremamente poluidoras do solo.

     Carol iniciando a coleta no colo do Itacolomi.

Eliane trabalhando.

   A montanha de lixo recolhida das trilhas.

No domingo a galera também marcou presença no morro para continuar os trabalhos que, com certeza, não acabaram por aí. Há muitas coisas a serem feitas, isso foi apenas o pontapé inicial. As outras trilhas também precisam urgentemente de contenção e algumas vias precisam de regrampeação. Existe também a idéia de conseguir apagar as pixações feitas na rocha e de confeccionar algumas placas cujo foco seja a educação ambiental e proteção do ecossistema do morro. Afinal, não adianta alguns trabalharem pela preservação do morro e outros degradarem.

     E depois de um dia inteiro de trabalho pesado, nada mais merecido do que um belo descanso e...


 chimarrão ao mais belo pôr-do-sol das montanhas gaúchas!

Mas ahh!!! Valeu, gurizada! O seu Edgar ficaria muito orgulhoso, com certeza!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Pedra do Baú: finalmente está chegando a hora!

O final de semana teria sido perfeito se não fosse a chuva e a umidade que insiste em assombrar a vida dos escaladores aqui no sul durante o inverno. Fora isso, o findi foi de festa, reencontro com os amigos e bastante comilança, hehehe! A tradicional festa julina do Refúgio Canastra foi, como sempre, um sucesso. Abaixo foto de uma parte da galera no galpão do refúgio.

Além de festejar, aproveitei o final de semana para acertar os últimos preparativos da viagem à Pedra do Baú. Estou supermegansiosa, também pudera, faz uns dois anos que estou planejando essa viagem e sempre acontecia algum imprevisto que me impedia de ir. Mas desta vez nada irá me deter, hehe! Estou indo dia 22, próxima sexta-feira, com o Seco e o Tiago. Ficaremos até o dia 31 de julho e pretendemos escalar até as nossas mãos sangrarem. Gostaria de estar em um ritmo bom de escalada, mas, infelizmente, faz um mês que não escalo nem no muro. Tudo culpa da maldita gripe acompanhada de sinusite, que me deixou super pra baixo. Mas acredito que lá no Baú tudo irá mudar. Ar puro de montanha revigora, faz bem para os pulmões, hehe!
E para quem não está por dentro, o complexo da Pedra do Baú fica localizado na cidade de São Bento do Sapucaí, na serra de São Paulo. Abaixo foto mostrando um pouco da beleza do lugar.

Então era isso. Até mais, com relato sobre as escaladas no Baú.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Festa Julina Refúgio do Canastra

A tradicional festa julina do refúgio do Canastra já tem data marcada: dias 16 e 17 de julho.
Faz quatro anos que não perco essa festa e três que eu participo, ajudando de alguma forma. Esse ano terei o privilégio de ser palestrante. Apresentarei a escalada em Cochamó. Minha amiga, montanhista e geógrafa Carina Korb falará sobre a formação de basalto no RS. E Ayr Müller dará sua tradicional palestra sobre orientação. Imperdível! Além de tudo isso ainda tem as clássicas comidas e bebidas (pipoca, rapadura, pinhão, bolo e quentão), fogueira e música típica.
Mesmo com toda a festa e o tradicional frio de -5ºC, espero conseguir escalar bastante e rever muitos amigos!
Para quem não sabe o Refúgio do Canastra fica em Canela, no Rio Grande de Sul. Quem tiver interesse em participar da festa, é só entrar em contato com o Moises (telefone no folder de divulgação).
Abraços!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Frey: o paraíso da escalada móvel.

Tudo bem, eu sei que demorou, mas está aí. Depois de quatro meses relato sobre o Frey pronto. Na verdade estou tentando me recuperar de uma virose horrível que me atacou tudo o que foi possível do pescoço pra cima. Com uma semana em casa sem fazer nada, não tive desculpas de não atualizar o blog. Divirtam-se!


Depois da volta de Cochamó, passei uma noite em Puerto Montt para repor as proteínas e tomar aquele banho. No dia seguinte me despedi do Seco, do Tiago e do Robledo e peguei um ônibus até Bariloche. Estava acompanhada do mineiro Luiz que conheci em Cochamó.
A viagem durou cinco horas e foi muito tranquila. Passamos por paisagens de tirar o fôlego: vulcões, lagos, montanhas. Eu ainda tive a sorte de sentar ao lado de uma alemã muito simpática que conhecia muito a região e que pretende morar na Argentina. Chegamos à Bariloche à noite e fomos direto a um hostel passar a noite. Depois de café e almoço reforçados e de algumas compras no super, arrumamos as mochilas e pegamos o ônibus até o Cerro Catedral. Eram 16h da tarde quando iniciamos a trilha e o tempo estava nublado, ameaçando chover (o que nos ajudou, pois a trilha é muito exposta ao sol). A trilha é muito tranquila, praticamente o tempo inteiro você caminha no plano, com pouquíssimos trechos íngremes e perigosos. O problema realmente era o peso das nossas mochilas. Eu estava levando uns 30 quilos e o Luiz um pouco mais. Tínhamos que fazer paradas de meia em meia hora por causa das dores nos ombros e nos quadris. Chegamos ao refúgio Emilio Frey às 21h, ao anoitecer, totalizando cinco horas de trilha, um tempo super bom para quem sobe carregado.
Inicio da trilha. Civilização à vista ainda.

Olha a cara do Luiz na trilha, hehe!
Chegamos abaixo de tempo ruim: chuva, frio e vento. Mas fomos recebidos com muito calor pelos outros montanhistas, que nos ofereceram chá. E como tem brasileiro em qualquer parte do mundo, no Frey não poderia ser diferente. Já na chegada encontramos quatro brasileiros. O casal Aline e Leonardo (ela do Rio Grande do Sul e ele de Santa Catarina, mas que atualmente vivem no Acre) e os paulistas Camilo e Alex. A noite não foi muito agradável, pois eu acordava a todo o momento assustada com as rajadas de vento super fortes. Sinceramente tinha medo que a barraca voasse, hehehe. O primeiro dia amanheceu fechado, chovendo, com frio e muito vento, ou seja, “no climbing”. Aproveitamos para arrumar um bom local para as barracas, conhecer melhor o refúgio e os outros montanhistas e escolher a primeira via que iríamos entrar.
Refúgio Frey.

Acampis.

Optamos pela agulha Taipa, que fica no vale do Campanilhe. Para se chegar a essa agulha tem que se fazer uma trilha (que não é muito bem marcada) com subida e descida por pedras soltas, bem cansativa. Chegamos onde suponhamos que seria a base da via que gostaríamos de entrar e nos deparamos com a primeira surpresa do Frey: onde está a via? Olha para o croqui, olha para a parede, mas as coisas não fazem muito sentido e a via não tem uma proteção fixa para marcá-la. Nesse momento encontramos quatro escaladores do Ceará: Damito, Julio, Tiago e Mario. Eram duas vias, uma ao lado da outra. Entramos no que parecia linha de via, os cearenses em uma, o Luiz e eu em outra. Realmente foi complicado porque a via não tinha nem parada fixa. Era a primeira vez que eu ficava segura por uma parada móvel. E como é difícil e demorado confiar naquelas peças entaladas. O Luiz começou a guiar a segunda enfiada (mesmo sem termos certeza se estávamos na via que gostaríamos de estar) e se deparou com um trecho exposto e tecnicamente difícil para uma via supostamente graduada em 4º no croqui. E agora, como descer no meio de uma via sem nenhuma proteção fixa? Perto da primeira parada havíamos reparado numa parada feita com uma fita laçada a um bloco de pedra com uma malha rápida. Provavelmente feita por alguém que também entrou em roubada na via. Rapelamos por essa parada (com o músculo do medo contraidíssimo) até a parada fixa que tinha na via ao lado. Depois de mais um rapel e uma desescalada fácil, chegamos ao chão novamente. Nossa, bastante emoções para o primeiro dia de escalada. Ali começamos a ver que a escalada no Frey não era moleza.

Luiz na 1ª enfiada na Taipa.

No segundo dia de escalada escolhemos entrar em uma via mais clássica e de fácil acesso: o diedro e a fenda de Jim, na agulha Frey. Linda via, apesar de eu sofrer um pouco pela falta de técnica em fenda, mas nada que não se aprenda. Nessa escalada tivemos o prazer de conhecer os argentinos Maxi e Roberto e o espanhol Javier, que se tornariam grandes parceiros de escalada, de conversas no acampamento e de noite regada a vodka em Bariloche, hehe!

Maxi em sua: primera ruta clasica.

Eu limpando a Fenda de Jim.
No terceiro dia de escalada entramos numa outra via super clássica: Del Diedro na agulha M2. O acesso a ela é um pouco mais demorado do que a agulha Frey, malditos acarreios novamente! A escalada é só desfrute: lindo diedro de 30 metros que dá acesso a um cume espetacular, bem estreitinho. Nessa escalada encontramos Maxi, Roberto e Javier acompanhados de um polaco muito louco: o Arek (Antônio em polonês) que, carinhosamente, Luiz e eu apelidamos de Toni. Depois de escalarmos a Del Diedro, o Luiz e eu fomos dar uma olhada na agulha Perfil de Mujer, que fica bem pertinho da M2. Eu estava em busca de alguma via tranquila para poder treinar colocações em móvel. O Luiz me incentivou a entrar na Perfil de Mujer. Eu olhei, fiquei meio desconfiada das pedras soltas e de uma fenda estreitinha no final, mas fui e mandei! Minha segunda via em móvel e a primeira do Frey. O Luiz subiu de segundo limpando e comentando cada colocação. Baita aula! Na noite ainda tinha festa de aniversário do refúgio. Muita comida, conversa, música e, principalmente, muito vinho! Foi tanto vinho que rendeu uma bela ressaca e um dia a menos de escalada....
Luiz na Del Diedro.

Luiz e eu na Del Diedro. Foto: Toni.

Linda agulha M2.

Eu na Perfil de Mujer.

Outra da Del Diedro.

Depois de recuperados da ressaca, bora escalar!! Entrei com o Luiz e com o Leonardo na via que acredito ser a mais clássica de todo o Frey: Sifuentes Weber na agulha Frey. A via é realmente um espetáculo. Sem exageros, essa foi a escalada tradicional mais bonita que fiz até hoje. A primeira enfiada começa com uma fenda onde você tem que atravessar duas “barriguinhas” chatas. A segunda enfiada é o filé mignon da via: fenda, fenda e fenda, com pés em aderência (confia na sapatilha) e uma travessia no final com entalamento de punho, show de bola. Cheguei sorrindo na parada de tão prazeiroso que foi escalar aquela enfiada. A terceira foi a mais crux para mim. Começa com um diedro que vai ficando cada vez mais vertical e difícil. Depois que você sai do diedro, tem uma travessia embaixo de um teto que é puro psicológico. Eu tive que pensar mais de uma vez até prosseguir (não podia cair porque, mesmo de segundo, o pêndulo seria animal). A quarta e última enfiada é só desfrute. Ali eu me senti em casa, pois o final dessa enfiada segue por uma placa com agarras estupidamente boas. Nossa, foi muito legal chegar a esse cume! Apesar de todo o vento e todo o frio, mas isso faz parte da escalada na patagônia.
Feliz na Sifuentes Weber.
Luiz, Leo e eu no cume da agulha Frey.
Eu tinha poucos dias para ficar no Frey, apenas 10. Restava-me ainda uns três dias. Eu gostaria muito de escalar nas agulhas Principal e Campanilhe, mas devido a grande distância das duas agulhas eu tive que optar por apenas uma nessa viagem. Escolhi conhecer a Principal. Acordamos cedo e enfrentamos quase três horas de trilha. Fomos em um grupo grande: eu, Luiz, Javier, Roberto, Maxi, Toni e uma garota americana. A vista da base da agulha Principal é incrível: a cordilheira com os picos nevados, lagos, condores, um espetáculo. Porém nem tudo é perfeito, ventava muito forte, tanto que era difícil se movimentar na direção do vento. Ficamos na dúvida se daria pra enfrentar a escalada. A americana, muito corajosa, tomou a frente e entrou na via Normal. Mas desceu da segunda parada porque estava “quase voando”. Assim, apesar de todo o esforço e tempo para chegar lá em cima, tivemos que descer sem escalar a Principal. Triste pois eu estava tão empolgada que já estava me equipando para entrar guiando a primeira enfiada da Normal. Mas com certeza eu volto lá.
Vista espetacular da base da agulha Principal.
No último dia de escalada, um domingo, escalei com o Luiz no setor da Yan Pipol que fica pertinho da agulha Frey. Eu guiei uma fenda bem fácil para treinar colocações e já aproveitamos e escalamos uma via de placa com regletes minúsculos ao lado dessa fenda, Sudor Frio. Essa foi a minha despedida do Frey nesse ano.
Eu treinando escalada móvel.
Na segunda acordamos bem cedo para enfrentar a a trilha de descida. Chegamos a Bariloche e tomei o melhor banho de toda a minha vida, olhei os e-mails e comemos muita salada (o corpo tava pedindo uns vegetais frescos). Á noite acompanhei os meninos em uma parrillada e eles se entorpeceram com a vodka do polaco, hehehe! Terminamos em uma das famosas sorveterias de Bariloche. Essa foi a minha despedida da Patagônia esse ano com a certeza de uma coisa: ano que vem tem mais!

Amigos. Da esquerda para direita: Luiz, Javi, eu, Toni, Roberto e Maxi.

Parillada.

Noite em Bariloche.

O que sobrou dos 45 dias de viagem.
 Fotos: Vanessa Staldoni e Luiz Celso.